19.10.11

PROCURA-SE ANA LU DESESPERADAMENTE

O pior quadro possível: Ana Lu vai contar para Téia o que ela viu, Téia vai, acidentalmente, contar para sua mãe, sua mãe vai contar para a irmã, que é mãe do meu namorado, minha "sogra" vai contar para o marido, ambos vão proibir o filho de me ver, ela ainda vai contar o ocorrido para sua patroa no dia da faxina, que é a minha avó, minha avó vai contar para minha mãe que pode até guardar segredo, mas minha avó pode ir diretamente até o filho, que é o meu pai, e aí serei expulso de casa, não é um modo muito saudável de se sair do armário. Deveria existir um abrigo para homocaras menores de idade que foram expulsos de casa, pensei.

Peguei o material escolar e desci até o andar de baixo. Não vi Ana Lu em parte alguma. Corri até o ponto de ônibus e fui para a escola. No dia seguinte, um sábado, encontrei as meninas na locadora, estavam agindo normalmente. Ana Lu não trabalhava aos sábados, fazia algum tipo de curso. Notei que ela não havia me denunciado para as meninas. Mas ela estaria de volta na segunda feira. Eu precisava falar com ela antes disso, em particular.
Aletéia ou Juliana, uma das duas devia saber onde Ana Lu morava, eu precisava descobrir isso. Mas já estava imaginando a Téia dizendo: por que quer saber o endereço dela? está apaixonado? ahahahaha.
Comecei a sondar as meninas aos poucos. Dizendo que Ana Lu deveria estar ali com a gente, por conta do grande movimento nos fins de semana. "Onde ela mora afinal? se ela mora aqui perto, poderia dar uma passada na locadora para ajudar".
Téia me disse que Ana Lu morava pertinho da minha casa, na rua da escola, praticamente em frente a escola. Mas que bairro pequeno, seria essa a única família japonesa da região? descobri que o irmão dela já estudou comigo.
Beleza, vou tocar a campainha e dizer: Ana Lu está? Posso conversar em particular com ela?
Decidi começar pelo irmão dela, mas eu não o conhecia muito bem. Passei na frente da casa na esperança de vê-la na calçada, várias vezes, subindo e descendo a rua, e nada.
De repente notei a placa no portão: costureira.
Corri para casa e peguei uma calça jeans que estava com o zíper quebrado, era impossível fechar a calça. Voltei e toquei a campainha. Uma senhora apareceu, conversei com ela, explicando o problema, enquanto olhava por cima de seu ombro. Ela não me convidou para entrar, pegou a calça e me disse que estaria pronta no mesmo dia.
Voltei horas depois e toquei novamente a campainha. Um homem atendeu, falei sobre a calça e ele me convidou para entrar.
Na locadora, Aletéia estava segurando a minha barra, no caso do patrão aparecer, fiz isso por ela inúmeras vezes, ela me devia.
Fui levado até os fundos da casa. Torcendo o pescoço pelo caminho, olhando para todos os lados, parecia vazia. Lá no fundão, num quartinho de costura, a mulher me devolveu a calça.
Eu fiquei maluco, me lembrei que era sábado. Ana Lu deveria estar no tal cursinho. Teria que tentar novamente no domingo, mas precisaria de uma nova desculpa.
Não sei dizer quantas vezes passei pela casa no dia seguinte, parecia estar completamente trancada, todos haviam saído.
Tive que esperar pela segunda feira.
Quando entrei na locadora vi Ana Lu e as meninas conversando, estavam rindo alto. Bom sinal? mau sinal? péssimo sinal?
Quando ela me viu, o sorriso no rosto sumiu, ela desviou o olhar, levantou a mão e puxou uma mecha de cabelos para trás da orelha.

Continua em ANA LU, SEU PASSADO A ESPERA.

4 comentários:

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

Em breve: novos contos numa outra video locadora.

Rafael disse...

Tô adorando essa história! :D

Anônimo disse...

Ansioso pelo próximo capítulo me define.
Que será que acontecerá?
Não demore a escrever, Skywalker.

Abraço

t.

Anônimo disse...

OFF

Proprietario/Skywalker, ABela e a Fera não entrou na lista de melhor filme?

t.