13.1.12

O FILME DA MEIA NOITE

A família viajou, eu estava sozinho em casa, digo, mais ou menos. Meu namorado nº1 estava comigo. Para minha avó, na casa ao lado, "cuidando de mim" enquanto meus pais estavam fora, nós éramos dois garotos vendo tv até tarde da noite e dormindo em camas separadas. E quando ela finalmente ia embora pra casa dela, ele pulava para a minha cama.
Estávamos dormindo abraçadinhos (argh, desde 2003 não sei mais como é isso) quando fui acordado por uma música alta. Na cidade ao lado, minha casa fica bem perto do limite de municípios, estava acontecendo um show ao ar livre. Um Zé Ninguém sertanejo gritava no microfone.
Eu tinha certeza de que aquilo era algum tipo de perturbação do sossego. Ninguém pode fazer tanto barulho assim tarde da noite, acho que existe um horário limite, sei lá.
Meu BF também acordou.
- Será que começou agora?
- Acho que sim, tá tão alto, a gente deveria ter ouvido antes.
- Ah, então vai durar a noite toda, eu acho.

Abre aspas
O que eu penso da música sertaneja.
Já ouvi as piores. Quando você não tem um cara se derretendo por uma mulher, você tem um cara que é traído por uma mulher.
É o orgulho de macho. Vejo meu pai conversando com seus amigos, alguém vai se separar, e eles dizem: ELE largou da mulher.
O "ele" em questão é um cara nojento e insuportável (meu pai só tem amigos idiotas) e quando você vai atrás da história real, descobre que, na verdade, foi a esposa esperta quem pulou fora. Aí, a coisa faz todo sentido.
E o orgulho de macho está presente em 100% das canções sertanejas.
Fecha aspas.

A canção que eu estava ouvindo não era diferente. O cara acreditava no amor verdadeiro e sequestrou a filha de um fazendeiro. Nada rimava, a melodia era quase inexistente. Mas a letra estava me deixando interessado na história. O casal estava vivendo um momento "lagoa azul".
Aí aconteceu. A mulher perfeita o traiu com outro homem. Nos versos seguintes ele ficou se lamentando, quis se matar.
Meu namorado disse alguma coisa, eu disse SHHH, queria ouvir o resto da canção.
O cara traído descobriu que seu irmão era o amante de sua esposa. Cara, o que ele vai fazer? Ele vai matar o próprio irmão? Que nada.
Depois de expulsar a "víbora traiçoeira" de casa, ele e o irmão saíram juntos para beber uma cerveja, final feliz.
OHMYGOD tinha gente aplaudindo no final. Será que haviam mulheres na platéia ouvindo essa coisa? pensei.
Mas isso não era nada. O cantor estava dizendo: obrigado, obrigado. E os aplausos continuavam. E aí, do nada, ele disse: EU sou um sucessuuuu.
Nós dois caímos na risada na mesma hora. Fala sério. Que imbecil.
Uma nova canção ia começar. Mas nós estávamos em janeiro. Um trovão fez a casa toda tremer. A chuva veio logo em seguida (ah, eu adoro dormir com o barulho da chuva lá fora). E eu acho que a tempestade (e talvez o raio) caiu em cima do show. A música parou, tudo parou.
Os deuses não queriam um bis.

3 comentários:

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

Para ver agora:
Meus vizinhos são um terror

Para evitar:
2 filhos de Francisco

Para ouvir agora:

I'll never let you see
The way my broken heart is hurting in me
I've got my pride and I know how to hide
All my sorrow and pain
I'll do my crying in the rain

If I wait for stormy skies
You won't know the rain from the tears in my eyes
You'll never know that I still love you so
Only heartaches remain
I'll do my crying in the rain

Raindrops falling from heaven
Could never take away my misery
Since we're not together
I pray for stormy weather
To hide these tears I hope you'll never see

Someday, when my crying is done
I'm gonna wear a smile and walk in the sun
I may be a fool but 'till then
Darling, you'll never see me complain
I'll do my crying in the rain

David disse...

Esses momentos são de ouro! Desde 2003, menino? Tome uma atitude! Hhehehe

Arthur Beaverhousen disse...

a-ha ♥